VIDA E DOUTRINA CRISTÃ

As Parábolas de Jesus — Parte 2

O Trigo e o Joio

“Então os justos resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai.”
— Mateus 13:43

A PARÁBOLA DO trigo e do joio está registrada em Mateus 13:24-30, 36-54. Nela, assim como na parábola do semeador que foi considerada na edição do mês passado de A Aurora, existe uma semeadura de sementes. No entanto, na parábola do semeador, é explicada que a semente é “a palavra do reino”, enquanto que na parábola do trigo e do joio a semente são “os filhos do reino.” (Mateus 13:19,38) Eles tornam-se “filhos do reino” através do poder da Palavra de Deus semeada em seus corações, mas nessa parábola eles são a semente. Essa é uma distinção importante que devemos ter em mente ao examinarmos os vários detalhes de nossa lição.

Na parábola do trigo e do joio existem duas semeaduras. Primeiro, é semeado o trigo, ou a “boa semente.” Em seguida, “dormindo os homens,” veio o seu inimigo e semeou no mesmo campo o joio, muito parecido com o trigo. Como seria de esperar, o resultado disso foi que o joio começou a aparecer. Os servos do pai que semeou a boa semente sugeriram que o joio fosse arrancado e queimado, mas o dono da casa não permitiu isso, explicando que acabaria arrancando o trigo também e, consequentemente queimá-lo. Ele ordenou que tanto o trigo como o joio crescessem juntos até a colheita, e que, depois, o joio deveria ser atado em molho para ser queimado, enquanto o trigo deveria ser ajuntado no meio do celeiro. — Mateus 13:24-30

A explicação de Jesus sobre essa parábola está registrada em Mateus 13:37,38 onde ele explica que “o campo é o mundo,” e que aquele que semeia a boa semente é “o Filho do homem.” Assim, a aplicação da parábola é para todo o mundo, e compreende toda a era, com a semeadura feita por Jesus no início da era, e a colheita no final da era. Ela não simboliza a obra do povo do Senhor como semeadores da semente ao longo da era, assim como foi com a parábola do semeador.

A semeadura da boa semente lançada pelo Filho do homem, evidentemente, descreve a obra de Jesus na seleção de seus apóstolos e de outros fiéis discípulos que constituíam a Igreja Primitiva. Esses foram os primeiros dos “filhos do reino,” como o próprio Jesus descreve em Mateus 13:38. Um título apropriado, uma vez que foram atraídos a Jesus pelo “evangelho do reino,” pregado por ele. (Mateus 4:23; 9:35) Foi pelo Espírito dessa mensagem do reino que eles foram gerados, e dedicaram suas vidas ao serviço do Mestre.

Aqueles que vieram depois deles foram igualmente atraídos pelo evangelho—as boas novas—do reino. São muito mais do que pessoas moralmente justas, são aqueles que se dedicam à divulgação das boas novas do reino vinda da parte do Messias. É por isso que Jesus os chama de “filhos do reino”.

O INIMIGO

Jesus explicou que “o joio são os filhos do maligno,” e que “o inimigo, que o semeou, é o diabo.” (Mateus 13:38,39) Essa é uma linguagem simples, mas uma verdadeira profecia do que tem realmente acontecido. Afirma-se na parábola que “dormindo os homens,” no mesmo tempo o inimigo semeou o joio. (Mateus 13:25) Os “homens” aqui citados parecem que são os apóstolos, que cuidavam dos interesses da Igreja Primitiva tão fielmente, mas, em seguida, “dormiram” na morte até o momento da “primeira ressurreição.” (Apocalipse 20:6) Em relação a esse período, Paulo alertou os anciãos de Éfeso, dizendo: “Porque eu sei isto que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não pouparão ao rebanho." (Atos 20:29) Pedro também deu aviso semelhante: “E também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição. E muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais será blasfemado o caminho da verdade.” — 2 Pedro 2:1,2

Não foram somente Jesus e os apóstolos que alertaram a Igreja Primitiva sobre os falsos mestres que viriam entre eles, a história também revela que isso aconteceu. Falsos mestres raramente limitam-se a uma única mentira, e isso é um fato para aqueles que começaram a instruir a igreja logo após a morte dos apóstolos. Através da introdução de doutrinas como a trindade e a imortalidade da alma, que, com efeito, negaram “o Senhor que os resgatou.” Além disso, o Deus amoroso da Bíblia logo foi transformado em um demônio que tortura através da blasfêmia doutrina do inferno de fogo.

A parábola do trigo e do joio destaca outra falsa doutrina estabelecida pelo “joio,” semeada pelo grande Adversário. Trata-se da afirmação de que o reino de Cristo sobre a terra foi estabelecido através da união entre a Igreja e o Estado. No início do ministério de Jesus, o diabo se ofereceu para lhe dar todos os reinos do mundo contanto que servisse a ele. Jesus rejeitou esta oferta. (Mateus 4:9-10) Porém, mais tarde, os “filhos do maligno,” que foram guiados por Satanás em várias doutrinas que desonram a Deus, estavam dispostos a aceitarem essa oferta. O resultado disso foi o desenvol-vimento de um falso reino de Cristo nas mãos do “joio.”

A história confirma essa mudança de ponto de vista. A partir do segundo século, a esperança de um futuro reino na terra, sendo estabelecido pela vinda de Cristo, pouco a pouco começou a ser engavetado. A especulação filosófica e teológica começou a se espalhar pela igreja, e quando um número maior de pessoas foi influenciado por esse tipo de pensamento, a esperança de um futuro reino Messiânico na terra perdeu seu significado e apreço. Assim, o caminho foi preparado para o estabelecimento de um falso reino em seu lugar.

Embora essas mudanças tenham ocorrido de forma gradual, até o fim do século 4, o ensino de um futuro reino Messiânico foi banido da teologia “oficial” da igreja. De particular importância durante este período foi a ideia do crescimento político e civil—não só religioso—do papel da igreja. Isso levou, finalmente, para o ensino de que a própria igreja era o reino de Cristo. Portanto, era um fato consumado, e não algo a ser procurado como Jesus e os apóstolos tinham ensinado no momento de sua Segunda Vinda. — Mateus 25:31-34; João 18:36; 2 Timóteo 4:1

Fica claro que a história registrou o desenvolvimento desses eventos conforme havia sido predito por Jesus na parábola. Pelo quarto século, o “joio,” ou a imitação do trigo, de fato praticamente tomou o “campo.” Daquele momento em diante, os verdadeiros “filhos do reino,” mantiveram e proclamaram suas esperanças com muita dificuldade. No entanto, como a parábola havia predito, o trigo não seria completamente arrancado e queimado. Pelo contrário, permaneceria e cresceria “junto” com o joio, até o fim dos tempos, quando houvesse a colheita.

Mais uma vez, a história confirma isso. Em um artigo de uma renomada enciclopédia, encontramos as seguintes palavras: “Ela [a esperança do reino Messiânico] ainda podia ser encontrada, no entanto, nas camadas mais baixas da sociedade Cristã; e em certas correntes da tradição que foi transmitida ao longo dos séculos. Em vários períodos da história da Idade Média encontramos surtos repentinos de milenarismo, por vezes, decorrente do início de uma pequena seita ou movimento de longo alcance. E, uma vez que tinha sido suprimido … pela hierarquia política da igreja, descobrimos que onde quer que o chiliasm [esperança de um futuro reino, milênio em grego] aparecesse na Idade Média, criava causa comum com todos os inimigos da Igreja secularizada… Esses eram inferências legítimas às antigas tradições… da Igreja.” Essas “antigas tradições” eram nada menos que os ensinamentos de nosso Senhor e dos apóstolos, mais tarde reconhecidos como heresia pelo grande sistema do “joio.”

O mesmo artigo explica que, enquanto os reformadores Protestantes dos séculos 16 e 17 deram por algum tempo alguma consideração ao ensino de um futuro reino messiânico, eles logo “tomaram o mesmo caminho” que a igreja estatal ocupava desde o quarto século. Essencialmente, todos esses primeiros reformadores, de mãos dadas com os governos civis, aplicaram em suas organizações o uso inapropriado do termo na “Cristandade.”

CRESCENDO JUNTOS

De volta à parábola, o dono da casa instruiu seus servos para deixar o trigo e o joio crescerem juntos até a colheita. (Mateus 13:30) Um verdadeiro retrato disso foi mostrado na história. Aqueles que mantiveram a esperança do retorno de Cristo e o estabelecimento de seu reino de mil anos não estavam totalmente fora do “campo,” ainda que o “joio” ocupasse a posição dominante. No entanto, quando a igreja foi pronunciada como o reino de Cristo na terra, e mais tarde se juntou com o estado, o trigo—“os filhos do reino”—se tornaram uma minoria altamente perseguida, e foram obrigados a exercer as suas atividades em grande parte “escondidos.” Porém, eles ainda estavam no “campo,” e mantiveram a luz da verdade do Reino ameaçada de ser extinta. Assim, o trigo e o joio continuaram a crescer juntos até o fim dos tempos, quando era o momento da “colheita” começar.

O joio continuou seu desinteresse e, muitas vezes se opondo à esperança da vinda do reino Messiânico na terra. Embora houvesse rebelião por parte de muitos contra os males do sistema de governo igreja-estado, a ideia de um reino criado pelo homem continuou. Ainda hoje, vários teólogos defen-dem a opinião de que a única coisa que Deus vai fazer para a raça humana será realizada não pelo estabeleci-mento de um governo poderoso nas mãos de Cristo, e sim pelos ensinamentos morais de igrejas denomina-cionais, na medida em que influenciarão os governos em promulgar e aplicar leis justas. No entanto, em meio a toda essa confusão de correntes causada pelo conflito dos movimentos de reforma e infiltração crítica, evolução e várias facções teológicas, alguns do “trigo” sobreviveram. Em cada geração, houve alguns “filhos do reino”, que se reuniram para as doutrinas básicas, conforme eram originalmente ensinadas por Jesus e os apóstolos.

OS “ANJOS” E A “COLHEITA”

Na parábola, o dono da casa disse: “Por ocasião da ceifa, direi aos ceifeiros: Colhei primeiro o joio, e atai-o em molhos para o queimar; mas, o trigo, ajuntai-o no meu celeiro (Mateus 13:30 ) A explicação de Jesus sobre isso é: “Mandará o Filho do homem os seus anjos, e eles colherão do seu reino tudo o que causa escândalo, e os que cometem iniquidade. E lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá pranto e ranger de dentes.” — Mateus 13:41,42

A palavra Grega nessa passagem, que é traduzida por “anjos” significa literalmente “mensageiros.” Os mensageiros do Senhor podem ser de vários tipos. Como servos que dedicam suas vidas a Deus, eles poderiam ser os santos anjos do céu, ou os consagrados de Deus aqui na terra, ou ambos. Certamente, quando notamos todas as várias coisas realizadas por esses anjos, ou mensageiros, parece que uma grande variedade de agências deve ser utilizada.

Olhando para trás, vemos que houve uma colheita no final da Era Judaica, e de que Jesus em sua Primeira Vinda enviou para a obra discípulos como seus mensageiros, ou anjos. Ele também pediu para orar dizendo: “Rogai, pois, ao Senhor da seara, que mande ceifeiros para a sua seara.” (Mateus 9:38) Esses devotados seguidores de Jesus estavam fazendo a sua parte na colheita pela pregação do Evangelho do reino, ao mesmo tempo que era pregado por Jesus.

Nessa colheita houve uma queima da “palha.” João Batista predisse isso, ao dizer: “[Jesus] limpará a sua eira, e recolherá no celeiro o seu trigo, e queimará a palha com fogo que nunca se apagará.” (Mateus 3:11-12; Lucas 3:16,17). Acreditamos que essa é uma profecia pronunciada por Jesus sobre a desolação da nação Judaica pouco antes de sua morte, seguido da destruição literal que veio sobre eles no ano 70-73 AD. (Mateus 23:37-39; 24:1,2.) Os “mensageiros” em grande parte responsáveis por esse “fogo” de destruição eram os soldados do exército de Tito.

Parece que essa ilustração revela dois aspectos da obra da “colheita” no fim da Era Evangélica. Aqui, também, há uma colheita do “trigo.” Nessa última colheita, temos o “joio,” que é colhido e queimado, ao invés da “palha.” Os mensageiros usados pelo Senhor para esse fim não são, evidentemente, seus santos consagrados, mas as agências e as influências que ele escolher para livrar o “campo” de “tudo o que causa escândalo, e os que cometem iniquidade.”

O “trigo” está ajuntado no celeiro do Senhor. A explicação de Jesus sobre isso, como já citado em nosso texto de abertura, é: “Então os justos resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai.” Essa explicação envolve a exaltação do “trigo” na primeira ressurreição para viver e reinar com Cristo. Eles brilham no presente momento apenas como “luzes.” (Mateus 5:14-16) No entanto, até que o reino seja estabelecido com “poder e grande glória,” esses “filhos do reino” constituem entre nós, a única verdadeira luz nesse “mundo perverso.” (Mateus 24:30; Gálatas 1:4) Quando eles são ressuscitados na primeira ressurreição para reinar com Cristo, na verdade, eles “resplandecerão como o sol,” sendo uma parte do “sol da justiça” predito por Malaquias. — Malaquias 4:2

Certamente, trazer “os filhos do reino” para a natureza divina na primeira ressurreição requer o exercício do poder através das agências além da nossa capacidade de compreensão, e essa obra está inclusa nas realizações dos mensageiros enviados nesta colheita da Era Evangélica. No entanto, também é fato de que uma parte importante dessa obra de colheita é realizada pelos próprios “filhos do reino” através de sua proclamação, como mensageiros, do evangelho do reino, assim como foi na colheita da Era Judaica.

A MENSAGEM DA COLHEITA

Em seu discurso sobre a época de sua Segunda Presença e ao final da era, Jesus disse que “enviará os seus anjos [mensageiros] com rijo clamor de trombeta, os quais ajuntarão os seus escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus.” (Mateus 24:31) Aqui os mensageiros são “os filhos do reino,” como também são os “eleitos” que estão reunidos. Esse encontro é realizado pelo “clamor de uma trombeta,” que é um símbolo da proclamação de uma mensagem.

Essa é a mensagem da verdade do reino—a presente mensagem da colheita. João, o revelador, registrou que o “evangelho eterno,” era para ser proclamado aos “aos que habitam sobre a terra, e a toda a nação, e tribo, e língua, e povo” nesse fim dos tempos. Alguns dos detalhes da mensagem também são dadas por João: “Temei a Deus, e dai-lhe glória; porque é vinda a hora do seu juízo. E adorai aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas.” (Apocalipse 14:6,7) É, de fato, o mesmo “evangelho do reino” e mensagem da “verdade presente” falada por Jesus e reiterada pelos apóstolos. — Mateus 24:14; 2 Pedro 1:12

O CHEFE DA COLHEITA

Jesus disse que enviará os seus anjos para reunir os seus eleitos. Isto implica que ele, então, estará presente no “campo” para assumir o papel de chefe da colheita. Isto é ainda apontado em Apocalipse 14:14,15: “E olhei, e eis uma nuvem branca, e assentado sobre a nuvem um semelhante ao Filho do homem, que tinha sobre a sua cabeça uma coroa de ouro, e na sua mão uma foice aguda. E outro anjo saiu do templo, clamando com grande voz ao que estava assentado sobre a nuvem: Lança a tua foice, e sega; a hora de segar te é vinda, porque já a seara da terra está madura.”

Mais adiante neste capítulo nos é dito sobre “outro anjo” ou mensageiro, que tinha “poder sobre o fogo.” (Apocalipse 14:18) Este mensageiro colherá “os cachos da vinha da terra” e converterá para o “grande lagar da ira de Deus.” (Apocalipse 14:19) Embora a metáfora aqui muda de “fogo” para o “lagar da ira de Deus,” a referência simbólica para fundição dos “cachos” de uvas em lagar de Deus é notavelmente semelhante ao recolhimento de “feixes” de joio “para queimá-los.” Assim, temos uma confirmação das verdades estabelecidas na parábola do joio e do trigo.

Em Apocalipse 18:1, lemos: “E depois destas coisas vi descer do céu outro anjo, que tinha grande poder, e a terra foi iluminada com a sua glória.” Isto parece claramente ser uma referência para o retorno de nosso Senhor, e acabará enchendo a terra com a luz da sua glória. Referente a uma das primeiras características da sua obra, lemos: “E clamou fortemente com grande voz, dizendo: Caiu, caiu a grande Babilônia, e se tornou morada de demônios, e coito de todo espírito imundo, e coito de toda ave imunda e odiável. Porque todas as nações beberam do vinho da ira da sua fornicação, e os reis da terra fornicaram com ela; e os mercadores da terra se enriqueceram com a abundância de suas delícias. E ouvi outra voz do céu, que dizia: Sai dela, povo meu, para que não sejas participante dos seus pecados, e para que não incorras nas suas pragas.” —Apocalipse 18:2-4

Estas Escrituras indicam que parte da mensagem no momento do retorno de nosso Senhor e do período da sua presença é o convite para o “trigo,” que era para crescer junto com o “joio” até a colheita, sendo agora separados—“Sai dela, povo meu.” “Dela” é uma referência para a Babilônia, o grande falso “sistema de joio” que detinha um poder tão grande sobre as nações, durante grande parte da Era Evangélica. Isto, também, se harmoniza com o testemunho de Jesus em sua parábola, e em sua grande profecia em relação ao final da era.

Deve-se notar que o revelador diz que Babilônia “caiu” no momento da Segunda Vinda do Nosso Senhor, e no chamado para “sair dela.” Isso não implica a destruição imediata da Babilônia, mas sim uma queda de sua posição anterior, do poder da igreja-estado por tantos séculos. A destruição final de Babilônia, não é mencionada até o versículo 21, onde João registra: “E um forte anjo levantou uma pedra como uma grande mó, e lançou-a no mar, dizendo: Com igual ímpeto será lançada Babilônia, aquela grande cidade, e não será jamais achada.”

A COLHEITA AGORA

Certas profecias da Bíblia que não temos espaço aqui para discutir e quanto ao seu cumprimento, por meio de eventos que foram documentados, de vários “sinais” contidos, fornecem ampla evidência de que a colheita da Era Evangélica começou no último trimestre do século 19, ou cerca de 140 anos atrás. Existem evidências que indicam que essas profecias foram corretamente compreendidas? Acreditamos que sim. Lembrando que a “colheita” tem relação tanto com o “trigo” e o “joio,” nós pensamos que a evidência é clara de que foi, e continua sendo, uma colheita do “trigo,” e um agrupamento do “joio,” em preparação para a sua queima.

Vamos primeiro considerar a colheita simbólica do “trigo” da parábola—“os filhos do reino.” Há evidências que mostram que em todo o tempo do início dos anos 1870, um pequeno grupo de estudantes sérios da Bíblia começou a entender claramente as gloriosas promessas da Bíblia referentes ao tempo e modo do retorno de nosso Senhor. Eles também vieram a entender o propósito do seu retorno, que seria antes de tudo o Senhor da colheita e, em seguida, através do estabelecimento de seu reino, realizar a  “restauração de tudo, dos quais Deus falou pela boca de todos os seus santos profetas, desde o princípio.” — Atos 3: 20-23.

Um desse número, a quem muitos seguidores fervorosos de Cristo passaram a acreditar foi “um servo fiel e prudente,” abençoado pelo Senhor com certas capacidades e meios, e mais importante ainda tinha o zelo de divulgar essas verdades em todos os lugares. Foram enviadas em forma impressa essas verdades para ministros e professores da Escola Dominical em todos os Estados Unidos. “Os filhos do reino” não eram mais algo que fazia parte nos séculos passados. Deus lhes havia dado a mensagem, e uma maneira de proclamá-la, e ele começou a divulgá-la diante.

Essa não foi uma obra isolada, pois em poucos anos, tornou-se conhecida em grande parte do mundo cristão. Esses grupos relativamente pequenos de seguidores consagrados de Cristo, um povo separado das denominações tradicionais do passado, trabalharam "juntos" para anunciar o Evangelho do reino com crescimento e clareza.

Estes eram, de fato, “os filhos do reino”, pois, não só acreditavam nas promessas da Bíblia a respeito vinda do reino de Cristo, mas sua gloriosa perspectiva encheu-os com um zelo abnegado que permitiu nada para impedi-los de proclamar, em todas as ocasiões adequadas, a gloriosa mensagem da colheita e do reino. Eles transmitiam a todos que tivessem ouvido para ouvir a boa nova que pertence ao reino de Cristo de mil anos, e as bênçãos de paz, saúde e vida eterna que alcançarão as pessoas através da aplicação de suas leis de justiça. Agora, em 2015, o testemunho dado pela mensagem do “evangelho do reino” não cessou. Na verdade, Satanás tem se esforçado para desencorajar, dividir e perturbar “os filhos do reino” através de seus caminhos ardilosos. No entanto, eles sempre foram capazes de se reagrupar e continuar tocando a trombeta da mensagem da colheita e do reino através dos muitos meios disponibilizados pela graça de Deus.

O JOIO

O joio da parábola, Jesus explicou, são “os filhos do maligno.” Isso não significa que eles são pessoas imorais e professos servos do diabo. Significa simplesmente que os seus pontos de vista e vidas são regidos por ensinamentos pertencentes ao reino de Deus, que foram corrompidos através do engano de Satanás. Muitos deles estão entre as melhores pessoas do mundo, e mantêm sinceramente os conceitos do reino, que são tão proeminentes na sociedade da qual eles fazem parte.

O ajuntamento e a queima do joio são explicados por Jesus para significar a sua remoção do reino de que eles professam fazer parte. O “campo” em que a semente de trigo foi originalmente semeada foi projetado para ser apenas um campo de trigo. As sementes de joio foram semeadas por um inimigo, e não pertenciam ao trigo, devendo ser removido. A parábola diz que eles serão lançados “na fornalha de fogo; ali haverá pranto e ranger de dentes.” — Mateus 13:42

Entendemos que a destruição do joio não deve ser considerada relacionada aos indivíduos, mas apenas à uma classe simbólica. Isso é indicado pela afirmação de que, mesmo quando o joio é lançado na “fornalha de fogo” haverá “pranto e ranger de dentes.” Essa é uma expressão usada por Jesus para designar grande decepção e desgosto. Como desconcertante e decepcionante será para muitos quando eles descobrirem que a sua concepção de reino dos céus não está em harmonia com a semeadura do Senhor. Como uma classe, por conseguinte, o joio é removido do campo.

A parábola diz: “Colhei primeiro o joio, e atai-o em molhos para o queimar.” (Mateus 13:30) Não é necessário concluir que o ajuntamento e a queima do joio está concluída antes da colheita do trigo começar. Na realidade, vemos que tanto a colheita do joio bem como a colheita do trigo vem ocorrendo durante o período da colheita. Jesus simplesmente se refere “primeiro” ao recolhimento do joio para separar da obra que está em andamento—a colheita do trigo.

É razoável concluir que a “fornalha de fogo,” em que o “joio” é queimado será o clímax do grande “tempo de angústia,” em que o “mundo perverso” for destruído. (Daniel 12:1; Mateus 24:21; Gálatas 1:4) Os “feixes” incluirá todas as várias organizações de joio, ou quando essas coisas acontecerem, todos do trigo serão reunidos para o celeiro. Em sua explicação, Jesus diz: “Então [naquela época, quando o joio for destruído] os justos [o trigo reunido] resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai.” — Mateus 13:43

Rapidamente em seguida, o verdadeiro reino de Cristo começará a atuar para abençoar o povo. A classe do trigo—“os filhos do reino”—através da primeira ressurreição, resplandecerá “como o sol” para iluminar e curar todas as nações. A regência do reino de Cristo irá destruir todos os inimigos de Deus e da justiça, até mesmo a própria morte. (1 Coríntios 15:26) Todo joelho se dobrará e toda língua confessará que “Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.” A oração para essa obra ser realizada: “Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu”, será totalmente respondida. — Filipenses 2:10,11; Mateus 6:10



Associação dos Estudantes da Bíblia Aurora