DESTAQUES DA AURORA

O Futuro de Israel e do Mundo

Parte 1

“E assim todo o Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o Libertador, e desviará de Jacó as impiedades. E esta será a minha aliança com eles.” — Romanos 11:26, 27

É EVIDENTE que nos últimos cem anos, o homem tem vivido a mudança mundial mais rápida de todos os tempos, impactando todos os aspectos da vida—social, econômico, religioso e político. Na política, como fato histórico, quase todos os poderes hereditários da Europa pré-1914 foram substituídos por outros tipos de governo. No mesmo período, grande parte da população mundial sucumbiu ao controle de vários tipos de ditaduras. Alguns ateus e totalitários. Outros autocráticos com ideologias religiosas. Além daqueles que foram produtos de indivíduos sedentos de poder, cujos desejos eram governar o quanto pudessem sobre a humanidade.

Como resultado, a eclosão da 1ª Guerra Mundial tem sido, em grande parte, um declínio geral e fragmentação dos governos mundiais. Porém, não foi tanto assim, no mesmo período uma infinidade de novas nações nasceram. Em muitos casos, foram consequência da perda de poder dos antigos reinos mencionados, e muitas das colônias exploradas por toda terra clamando por independência das “mães” nações da Europa, e de fato alcançaram.

Nos últimos cem anos, um dos países “nascidos” foi Israel. Talvez seja melhor dizer que “renasceu,” pelo fato de ter sido uma nação antes, com seu próprio governo, debaixo de Deus, desfrutando de uma distinção que nenhuma nação teve, nem antes ou depois. Seus reis eram como quem “assentou no trono do Senhor.”—1 Crônicas 29:23

O fim de Israel veio quando Zedequias, o último rei da parte de duas tribos remanescentes, chamada Judá, foi destronado por Nabucodonosor. (Ezequiel 21:25-27) Depois, a nação inteira—as doze tribos—se tornou cativa na Babilônia por 70 anos. Enquanto isso, Babilônia foi conquistada pelos Medos e Persas, e foi o Rei Ciro, da Pérsia, que emitiu o decreto de libertação para os Israelitas voltarem à sua terra, mas não para restabelecer seu governo.

Então, Israel ficou submisso, vassalo à qualquer nação que dominasse sua terra, que na primeira vinda de Jesus foram os Romanos. De 69 a 73 d.C., Tito, líder do exército Romano, sitiou e por fim destruiu Jerusalém. Os sobreviventes se espalharam pelo mundo. A situação se manteve ao longo dos séculos e é mencionada pelos Judeus como o período de sua Dispersão—ou diáspora no Grego.

DISPERSÃO PROFETIZADA

Moisés, o legislador de Israel, previu a dispersão e o reajuntamento no século 20, em Deuteronômio 29:24 e 30:16. A última parte diz: “E o Senhor teu Deus te trará à terra que teus pais possuíram, e a possuirás; e te fará bem, e te multiplicará mais do que a teus pais. E o Senhor teu Deus circuncidará o teu coração, e o coração de tua descendência, para amares ao Senhor teu Deus com todo o coração, e com toda a tua alma, para que vivas.”

Ele também preveu quanto duraria. Como vimos, Israel estava debaixo de Deus, sujeita a medidas disciplinares quando transgredidas. Moisés se refere a certas punições corretivas, e depois, acrescenta: “E, se ainda com estas coisas não me ouvirdes, então eu prosseguirei a castigar-vos sete vezes mais, por causa dos vossos pecados.”—Levítico 26:18

O aviso sobre “sete vezes” de castigo é repetido quatro vezes. Estudantes de profecia acreditam que é uma medida de tempo. A Bíblia indica que um “tempo” simbólico são 360 anos, e sete são 2.520 anos. Ezequiel 4:4-6 é a chave para o cálculo. A profecia de Moisés indica que seria uma punição completa, cremos que podemos concluir que ela começou com a perda da independência e do reino.

“Sete vezes” desde a perda do reino de Israel nos leva até 1914 e à 1ª Guerra Mundial. Dela, veio a expulsão dos turcos de Jerusalém e da Palestina pelo general Britânico Allenby. Além disso, no final de 1917, o governo Britânico fez a Declaração Balfour, abrindo a antiga pátria aos refugiados Judeus e pioneiros de várias terras, resultando no movimento Sionista com nova vida e esperança.

A reabilitação e migração Judaica à antiga terra natal prosseguiu, apesar dos retrocessos temporários, nascendo em 1948 o novo Estado de Israel. Foi em 1914, após 25 séculos como povo cativo de outras nações e impérios, que os eventos começaram a se desenrolar e levar à independência dessa nação bíblica e histórica.

OS TEMPOS DOS GENTIOS

O significado pleno dessa libertação desde 1914 é mais claro na previsão de Jesus, reconhecido pela maioria dos líderes Judeus como um célebre mestre e profeta. Questionado pelos discípulos sobre o fim da era atual, parte de sua resposta foi: “Jerusalém será pisada pelos gentios, até que os tempos dos gentios se completem.” (Lucas 21:24) Na época, o povo Judeu, simbolicamente referido como “Jerusalém,” seriam “pisados” pelos Gentios, até que “os tempos dos Gentios se completassem.”

Coincidentemente, com a queda do último rei de Israel, Daniel interpretou um sonho profético dado pelo Senhor ao rei de Babilônia, prevendo uma sucessão de quatro potências mundiais: Babilônia; depois, Medo-Pérsia, Grécia e Roma. A divisão do Império Romano em vários estados da Europa tal como existiam antes de 1914, foi mostrada pelos dedos da imagem.—Daniel 2:31-45

Para Nabucodonosor, Daniel disse: “O Deus do céu tem dado o reino, o poder, a força, e a glória.” (versículo 37) Isto não significa que Nabucodonosor se assentou no trono do Senhor como fizeram os reis de Israel. Simplesmente que começando com Babilônia, o domínio Gentil sobre a terra não seria interferido por Deus, e se estenderia até mesmo sobre o próprio povo de Deus, os Israelitas.

O tempo seria determinado. Daniel salientou que duraria até os dias do dividido Império Romano—“nos dias desses reis”—representados pelos dedos dos pés da imagem. (versículo 44) Depois, o Deus do céu estabeleceria um reino, ou governo, que “subsistirá para sempre.” Essa é uma referência ao reino do Messias há muito prometido.

É evidente que os fatos históricos se relacionam com Israel, os grandes impérios Gentios do passado, as profecias sobre cada um e o período descrito por Jesus de “tempos dos gentios” com “sete vezes” de castigo e perda da independência nacional. Isto significa que os “tempos dos Gentios” atingiu seu fim profético em 1914. É importante lembrar que os cumprimentos da profecia bíblica que surgiram nesse período não são a conclusão, mas apenas o começo dos eventos que as Escrituras mencionam. A 1ª Guerra Mundial, iniciada em 1914, marcou o começo da queda total das remanescentes nações do antigo Império Romano. Também, resultou na soberania nacional de Israel.

Hoje, Israel é um país livre, de Israelitas com seu próprio governo, uma nação entre outras do mundo, não um vassalo de Roma ou de outro poder Gentil. Sua população é de mais de 6,2 milhões de Judeus, e possui o terceiro padrão de vida mais alto da Ásia, estando entre os países líderes em diversas áreas de atuação. Israel não é isento de dificuldades, mas lutou em várias guerras depois de 1948 para manter sua liberdade. Apesar disso, continua sendo livre, mais forte, até 67 anos depois ser considerada uma das nações mais poderosas do mundo. Os fatos que levaram a isso começaram no fim das “sete vezes” e “tempos dos gentios” preditos por Moisés e Jesus.

EVENTOS NESSE MEIO TEMPO

Muitas experiências valiosas de Israel no período de ascensão à liberdade entre as nações, foram preditas na Bíblia. Uma expressão profética diz que Deus “removeria o cativeiro.” Essa expressão aparece em Joel 3:1,2 onde o Senhor diz: “Naqueles dias, e naquele tempo, em que removerei o cativeiro de Judá e de Jerusalém, congregarei todas as nações, e as farei descer ao vale de Jeosafá; e ali com elas entrarei em juízo, por causa do meu povo, e da minha herança, Israel, a quem elas espalharam entre as nações e repartiram a minha terra.” É importante notar que segundo a Concordância de Strong, em Inglês, a palavra “cativeiro” no texto é uma “condição anterior de prosperidade.”

Joel 3:9-14 prevê uma reunião bélica das nações Gentias, e “o vale de Jeosafá” é descrito como “o vale da decisão.” É uma preparação para a guerra, onde, simbolicamente, as nações são chamadas para “forjar espadas das enxadas,” e “lanças das foices.” Vimos que começou em 1914, e a profecia aponta que nesse tempo o Senhor “removeria o cativeiro,” ou anterior prosperidade, de seu povo. Foi o sucesso de Israel e sua prosperidade relativa nesse período que faz muitas nações serem reunidas contra ele.

Também impressiona a profecia ligada ao seu povo em que o Senhor deseja “contenda com as nações.” (Jeremias 25:31) Joel 3:2 fala da repartição da terra. Isso é fato, pois as nações Gentias não cumpriram com a Declaração de Balfour e resolvida as disputas, limitou Israel a menos da metade da terra prometida por Deus. Embora ganhasse alguma dessa terra de volta, Israel controla só uma parte do que Deus deu a eles.—Gênesis 13:14,15

“TEMOR” E NÃO “PAZ”

Outras profecias também revelam que seria cheio de dificuldades o reagrupamento de Israel. Jeremias disse: “Eis que vêm dias, diz o Senhor, em que farei voltar do cativeiro o meu povo Israel, e de Judá… e tornarei a trazê-los à terra que dei a seus pais, e a possuirão… Porque assim diz o Senhor: Ouvimos uma voz de tremor, de temor mas não de paz… Ah! porque aquele dia é tão grande, que não houve outro semelhante; e é tempo de angústia para Jacó; ele, porém, será salvo dela.”—Jeremias 30:3-7

O significado da profecia é claro. Enfatiza que, mesmo vindo a esse povo o tempo histórico de ser restaurado à sua terra, estavam temerosos, não seria de imediato um tempo de paz e felicidade para eles.

Para começar, os Judeus ficaram alegres com a Declaração Balfour e a posterior implementação de um mandato da Liga das Nações. Esse mandato comprometeu-se em assegurar aos Israelitas uma casa em sua Terra Prometida. Claramente, o início do retorno de seu longo cativeiro havia começado.

Porém, não muito depois, Judeus na Alemanha, Áustria e Polónia foram duramente perseguidos pelo regime de Hitler, intensificando na 2ª Guerra Mundial, na qual ocorreu um holocausto quase impensável, em que seis milhões de Judeus foram mortos, e inúmeros outros ficaram desabrigados.

Enquanto isso, devido a oposição Árabe, a porta até sua terra prometida foi fechada numa altura em que esse povo sofrido precisava de uma pátria mais do antes. De fato, o que eles ouviram foi “uma voz de tremor, de temor, mas não de paz.”

Outra profecia testifica de modo geral as mesmas circunstâncias: “Eis que dias vem, diz o Senhor, em que nunca mais se dirá: Vive o Senhor, que fez subir os filhos de Israel da terra do Egito. Mas: Vive o Senhor, que fez subir os filhos de Israel da terra do norte, e de todas as terras para onde os tinha lançado; porque eu os farei voltar à sua terra, a qual dei a seus pais. Eis que mandarei muitos pescadores, diz o Senhor, os quais os pescarão; e depois enviarei muitos caçadores, os quais os caçarão.”—Jeremias 16:14-16

A profecia indica que no tempo de voltar à sua terra, haveriam esforços de induzirem os Israelitas a retornarem. O Senhor enviaria “pescadores” para “pescá-los,” que pode muito bem ter sido cumprido pelo Sionismo, fundado em 1896 por Theodor Herzl. Pescadores usam iscas para atrair os peixes, e o Sionismo salientou por muitos anos que os Judeus deviam voltar, e as vantagens disso, se fizessem.

Porém, nem todos foram induzidos por este método a voltarem, embora Herzl seja estimado em Israel. Um dos locais de agitação em Jerusalém é o jardim memorial honrando Herzl. A pedra em seu túmulo simboliza o progresso passo a passo do Estado Judeu. A obra de Herzl não foi em vão.

A profecia diz que o Senhor também enviaria “caçadores, os quais caçariam.” Aqui, são sugeridos métodos mais contundentes. Entre estes, a amarga perseguição de Hitler durante o Holocausto, sem dúvida, deve ser inclusa. Esse método de condução especial aumentou de intensidade até quase todos os Judeus da Europa que haviam sobrevividos, estivessem anciosos de irem à sua terra natal quando a oportunidade fôsse oferecida.

Outra profecia muito direta diz: “Vivo eu, diz o Senhor Deus, que com mão forte, e com braço estendido, e com indignação derramada, hei de reinar sobre vós. E vos tirarei dentre os povos, e vos congregarei das terras nas quais andais espalhados, com mão forte, e com braço estendido, e com indignação derramada. E vos levarei ao deserto dos povos.”—Ezequiel 20:33-35

Desde 1914, durante os cem anos tem havido muita “fúria” com os esforços dos Israelitas em migrarem de vários países em que moravam, para fixar residência na terra da promessa. Como predito, eles estão no “deserto dos povos,” no sentido de que compartilham com todos os povos da terra a aflição e incerteza desse tempo caótico na história humana. Eles ainda não encontraram paz e segurança.

Na próxima edição de A Aurora, examinaremos alguns eventos futuros da profecia bíblica sobre Israel e seu papel no plano de Deus. Também, a gloriosa esperança de paz, segurança duradoura e vida para Israel e todo o mundo, estabelecido pelo governo justo do reino do Messias—do qual milhões rogam por quase dois mil anos: “Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu.”—Mateus 6:10



Associação dos Estudantes da Bíblia Aurora